terça-feira, 14 de abril de 2009

Slint

O que faz uma banda voltar em atividade depois de 15 anos parada? O que leva o público reconhecer de maneira positiva uma obra que há quase duas décadas atrás mal havia sido notada?

O ano era 1991. Um ano de significativas mudanças para a música, e de ótimos lançamentos considerados históricos. Foi em 1991 que o Nirvana fez Nevermind. Também neste ano foi o début do Pear Jam, com Ten. Red Hot Chili Peppers caiu nas graças do mundo inteiro com sua mistura sonora explosiva em Blood Sugar Sex Magik. My Blood Valentine e Primal Scream representaram muito bem a Inglaterra lançando, ambos, os melhores álbuns de suas carreiras (Loveless e Screamadelica, respectivamente). O U2 revolucionou seu modo de fazer música - e de quase meio mundo - através de Achtung Baby. Massive Attack criou uma nova sonoridade ao lançar neste ano uma obra-prima eletrônica chamada Blue Lines. Os Pixies deram seu canto do cisne com o ótimo Trompe Le Monde. Mr Bungle e sua música avant-garde, misturando jazz e death metal também debutaram em 1991. Teenage Fanclub com Bandwagonesque; Soundgarden com Badmotorfinger; Smashing Pumpkins com Gish; Dinosaur Jr com Green Mind; Primus com Sailing the Seas of Cheese... No Brasil tivemos a Marisa Monte lançando Mais, Caetano e seu Circuladô, e na saara pop mundial Seal bateu recordes de vendas com o álbum que continha "Crazy", Enya levou ao gosto popular o seu som New Age, e o REM lançou Out of Time, o álbum que continha uma das maiores pérolas pop da década toda: "Losing My Religion". Na vertente metal e hard rock o ano também foi significativo. Sepultura estourou mundialmente com Arise, Slayer reviu sua carreira com o Decade of Aggression, Skid Row fez as menininhas delirarem com Slave to the Grind, Guns and Roses esteve duplamente nas paradas com Use Your Illusion I e II, Ozzy Osbourne ressurgiu no mercado com No More Tears e o Metallica emplacou o multiplatinado Black Album.

O ano de 1991 pode ser considerado um ano tão representativo musicalmente como o ano de 1967, dado o lançamento de excelentes álbuns como estes citados.

De que maneira uma banda como o Slint se sobressairia? Uma banda de math-rock em que a maneira ideal de assistir seus shows é sentado. Sem instrumentistas virtuosos, estáticos no palco e com um vocalista que surge com uma voz vinda sabe se lá de onde, sem saber cantar, apenas declamando os versos ou soltando aleatoriamente sua voz no decorrer das músicas. Em 1991 eles lançaram um álbum chamado Spiderland, que continha somente 6 músicas, todas acima dos 5 minutos de duração.

E o que é math-rock?

De acordo com a wikipedia: A composição musical neste gênero é bastante complexa incorporando métricas incomuns em seu ritmo, tido como matemático, daí o nome, Math rock (literalmente rock matemático). Os instrumentos geralmente sendo tocados em bases atonais ou politonais e nem sempre sincronizados são acompanhados da voz, quando presente, alternando entre o ritmo calmo e gritado.

Numa maneira mais simples de definir podemos dizer que as influências do gênero variam entre o jazz e o punk rock, passando pelo rock progressivo. Não parece lá muito aprazível, certo?

E como explicar que no site Rate Your Music este álbum está listado em 5º lugar do ano de 1991 na preferência dos usuários do site? Vale dizer que o RYM é um site mundialmente conhecido feito por apreciadores de música para apreciadores de música. Ou seja... Não são críticos musicais que participam do site, e sim apreciadores em geral, pessoas como qualquer um que goste de música e goste de listar suas preferências.

Como explicar? Ainda mais que no site tem um comentário de um fã que diz o seguinte:

true story. a girl broke up with me because i liked this album.


Slint. Com "Good Morning, Captain" e "Nosferatu Man"