quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Renan Canalheiros




Num texto da Folha muito bem escrito, o filósofo Hélio Schwartsman escreve em um dos parágrafos:

"Não estou, é claro, defendendo o linchamento do senador. Tantos e tamanhos indícios devem converter-se num processo ao longo do qual Renan terá a oportunidade de defender-se, longe da tão temida pressão da mídia. Mas um mínimo daquilo que alguns chamam de vergonha na cara exigiria que Renan se afastasse da presidência do Senado e do próprio mandato de senador até que a situação estivesse judicialmente esclarecida em seu favor. Por bem menos políticos asiáticos costumam praticar o suicídio. No Brasil, porém, Renan não apenas se mantém no cargo como ainda manobra descaradamente para dificultar os trâmites da representação no Conselho de Ética. Nas horas vagas, distribui ameaças veladas, contra colegas que não estariam dispostos a apoiá-lo, e abertas, contra a editora Abril, responsável pela "Veja"."


Já eu estou inclinado a pensar que não adianta apenas achar que a culpa é nossa, e que devemos ter mais consciência ao votar. Infelizmente não dá. Aqui no Brasil não dá mesmo. Não dá nem pra votar nulo também. Aqui no Brasil nenhum exame de consciência ou estratégia de voto funciona, por causa dos currais eleitorais. Em qualquer Estado ou Município ou Vila existe curral eleitoral, que é formada por pessoas que supostamente serão beneficiadas com ajuda dos políticos concorrentes, seja com empregos públicos, seja com asfaltamento de rua, seja com cesta básica... as mais variadas ajudas.

E é por essa e outras que os vereadores, prefeitos, deputados, senadores, etc, vão 'cozinhando' sua participação política em banho-maria, tentando não serem descobertos em nenhuma falcatrua para não diminuir suas chances de reeleição - mas mesmo assim tranqüilos e cheios de manobras por causa das brechas nas leis (vide o Calheiros). Tranqüilos, também, porque o curral eleitoral estará lá para garantir que serão reeleitos. É só lembrar - para pegar os mais recentes - que Arruda, Jader Barbalho, ACM, Carlos Nader (filho de um dos anões do orçamento) tiveram "nova chance política". Portanto, nada vai mudar, amigos. Nem em mais de um século. Esse BIG BROTHER "legítimo" vai continuar existindo sem que precisem de teletelas para vigiar o povo, pois com curral eleitoral não é preciso vigilância.

O que é preciso ser feito é que haja uma campanha em massa, de todas as redes de televisão, rádios, jornais impressos, revistas, etc, para divulgar MESMO, com todas as L-E-T-R-A-S o que esses políticos fazem e qual a conseqüência que isso trás a curto-médio-longo prazo para o povo. Divulgar, em época de eleição, todas as negociatas sujas e todos os deslizes comportamentais (seja um caso extra-conjugal ou agressão em arquibancada de estádio de futebol) de todos os candidatos. Pendurar isso em folhinhas em todos os pés-sujos, restaurantes, parques, praças, trailers em cinemas...

Mas nossos comunicadores não farão isso porque a eles também interessa que tudo continue como está, seja por causa de rabo preso ou por facilitações pessoais em negócios (ex: concessões de rádios e TV), e até porque muitos políticos são acionistas ou mesmo donos de empresas de comunicação.

Eu não sei se tenho colhões para empunhar uma metralhadora e sair atirando por aí em políticos filhos da puta, sujos e caras-de-pau... pois jamais empunhei arma alguma.



Mas ando torcendo para que alguns tenham essa coragem!!!